19 de jun. de 2010

Ensaio sobre a visão

Hoje, logo cedo, assim que cheguei na redação, fui informado de que um amigo havia morrido. A morte nunca é bem aceita por nós. Ela assusta, é como se fossemos informados de que tudo isso pode acabar. Derramei algumas lágrimas, mas tinha trabalho a ser feito. Ele era um amigo não tão próximo, sinceramente. Na verdade, muito distante. Nunca o conheci pessoalmente, mas estivemos juntos por longas noites. Saramago nos deixou aos 87 anos. Quando a maioria de nós estava nascendo, ele já tinha passado dos 50 anos.

Ao ler o que saiu na imprensa, descobri que a própria história do autor português era uma lição de vida. No blog da Miriam Leitão, jornalista que gosto muito, fiquei sabendo que a carreira do meu amigo começou, de verdade, quando ele tinha seus 50 anos, ao publicar Levantando do Chão. Antes, era um jornalista de longa carreira em redações.

Acho que a lição que fica aqui é simples: mudar é possível. Não é porque você ou eu estamos começando a carreira agora que, daqui 35 anos, estaremos fazendo exatamente a mesma coisa. Podemos mudar, basta coragem.

Saramago deixará saudades, como bem disse Luiz Schwarcz em seu magnífico texto.  Saramago tinha emoção, acima de tudo. Tratava a palavra com carinho, com delicadeza. Tratava da vida com amor. Acredito que além da lição de coragem, podemos aprender um coisa com ele: a tratar o que fazemos com amor.

Há uma cena que não sairá de minha memória. Quando Saramago assistiu, pela primeira vez, o filme Ensaio Sobre a Cegueira, que o brasileiro Fernando Meirelles dirigiu. Veja, a seguir, o vídeo com esse momento. Repare na emoção dele ao ver sua obra na grande tela.

 

Fonte: Blog do Estagiário Y na Você S/A

Há uma frase de Erwin McManus que diz: “Gente que não muda acaba virando gente que não sonha”. Saramago provou que, aos 50 anos, é possível recomeçar, seguir novos caminhos. Quantas pessoas que muito antes disso já se deram por vencidos e estão vivendo na mediocridade, conformados com aquilo que as circunstâncias ofereceram. Sim, é preciso nos questionar, sacudir a poeira, retirar as teias e tentar novas possibilidades em todos os campos da vida, seja no profissional, no pessoal, no religioso. Que tenhamos coragem para estar sempre fora das caixas que o cotidiano nos impôe. Inovar, ousar e fazer acontecer é o que devemos buscar. E precisamos de fôlego, pois trata-se de uma luta diária, para toda uma vida.

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