Isaías foi um cidadão de destaque dentro da sociedade de Israel e este fato somado à mensagem transmitida por ele, colaborou para que seu ministério ganhasse tanta notoriedade. Já no primeiro capitulo do livro escrito pelo profeta, Deus usa-o para apontar o evidente superficialismo religioso do povo em Judá, mas que nos cabe muito bem nos dias de hoje.
No verso 10, Jerusalém é comparada às cidades de Sodoma e Gomorra, locais de grande corrupção e de decadentes relações sociais (“Governantes de Sodoma, ouçam a palavra do Senhor! Vocês, povo de Gomorra, escutem a instrução de nosso Deus!”). O povo estava mergulhado em um formalismo religioso, haviam se corrompido moral e religiosamente, desprezando os preceitos de santidade estabelecidos por Deus e pior, viviam na hipocrisia, como se tudo estivesse
Muita injustiça, principalmente social, permeava a sociedade da época, por isso, enquanto os religiosos de "cara lavada" ofereciam cultos e sacrifícios rituais, Deus os rejeitou, pois Ele não suporta formalismo vazio, não se interessa por religião e sim por vidas transformadas (“'Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue! Lavem-se! Limpem-se! Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva'"). Israel estava sob o domínio dos assírios e a guerra já tinha ceifado a vida de muitos homens, fazendo crescer o número de viúvas e órfãos, cuja situação não era nada confortável. Como estavam inseridos numa sociedade de base econômica estritamente agrícola, onde a posse da terra era passada por herança, a morte dos homens de família nas batalhas e a conseqüente fuga para outras regiões por causa da guerra, os outros membros da família praticamente dependiam de outros para sobreviver.
Na atualidade, cabe-nos a reflexão: quantas mazelas estão acontecendo e escravizando pessoas em torno de nossos prédios de adoração, enquanto estamos lá dentro, confortavelmente envolvidos com atividades religiosas, aparentemente espirituais? Quantos de nós enchemos a boca para criticar a corrupção instalada nas esferas governamentais, enquanto nos permitimos a praticar “pequenas” mentiras, enganar um colega de trabalho, passar um cheque sem fundo, prometer e não cumprir?
Jesus nos instruiu a sermos sal e luz, fazer a diferença. Porém não conseguiremos isso contando apenas com a nossa superficialidade religiosa. É preciso envolvimento! Com a igreja, com as nossas empresas, com nossas entidades de classe, nossas associações de moradores, com a política. É preciso deixar o legalismo e o conformismo de lado e influenciar as pessoas com o caráter de Cristo em nós. O próprio Cristo andava no meio dos publicanos, dos pecadores e dos excluídos.
“’Venham, vamos refletir juntos’, diz o Senhor. ‘Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão’”. Deus, em sua eterna bondade e misericórdia sempre oferece esperança para os sinceros de coração. Há sempre uma saída, um novo começo, uma chance de transformar, de mudar a situação. Não devemos desperdiçar as oportunidades, sejam grandes ou pequenas, de propagar valores importantes como: amor, ética, respeito, liberdade, lealdade, dignidade, atenção e justiça, para citar alguns. Mas isso exige ação e podemos começar agora!
O verdadeiro culto a Deus também deve ser respaldado por uma postura cidadã de atenção aos injustiçados. Nos versos de Isaías, percebemos que Deus rejeita o culto de seu povo (outrora instituído por Ele), porque eles estavam envolvidos com a exploração e/ou negligenciaram ajuda aos necessitados. Os padrões morais divinos devem nortear tanto o relacionamento vertical (com Deus), quanto o relacionamento horizontal (com o próximo). Só amamos a Deus verdadeiramente, quando amamos os nossos semelhantes. Fora isso, é vã religião (
Texto elaborado para responder duas perguntas da disciplina Sociologia da Religião, com participação de Renato Florêncio e revisão de Rafael Valêncio (se juntar os dois dá pra sair uma dupla sertaneja: Florêncio e Valêncio). Valeu amigos!
Um comentário:
Artigo perfeito!!!
Nos faz reflretir o que queremos e vivemos para nós e para nossa sociedade!!!
Pensar se essa é a sociedade que queremos (sodoma e gomorra)? ou se estamos dispostos a mudar o rumo de nossas histórias?
Eu voto por mudar, e a começar em mim!!!
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