9 de jul. de 2009

Um projeto de cristandade gospel - crônica de uma morte anunciada

Jesus não disse que as pessoas que o seguem devem abandonar a cultura na qual vivem. Ele não disse que elas devem se isolar em ilhas cristãs. Ele não disse que Seus discípulos devem renegar a sociedade na qual vivem e seus costumes. “Não peço que os tire do mundo...”. Ele disse que seus seguidores devem dar um novo sabor a esta sociedade resgatando o que há de humano na humanidade.

A turma lá do início entendeu bem isto. Mesmo em meio as ferozes perseguições, primeiro dos judeus depois dos romanos, o pessoal se organizou e enfrentou a situação. Houve mobilização, estratégia e percepção histórica incrivelmente lúcida. É verdade também que, com o passar do tempo, algumas alianças que esta igreja fez roubou seus melhores momentos – como no caso da boa parte que embarcou alegremente no trem do Constantino.

Enquanto houve inserção cultural (qualquer cultura) desprovida de preconceitos aliada a uma dissidência caracterizada por repúdio ao poder e ao status quo (religioso ou político) aí encontramos uma comunidade (ou indivíduos) alegre, relevante, sadia e impactante.

Assim foi no caso de Jesus que se recusou a ceder aos apelos belicistas e ufanistas de seus discípulos e preferiu pagar o preço de percorrer um caminho de fraqueza que possibilita um outro tipo de poder. Jesus foi um fracasso do ponto de vista humano. Além disso, sua inserção cultural era tão intensa que quando ele quis se esconder daqueles que o perseguiam, bastou se misturar à multidão. Ele era tão igual que Judas precisou beijá-lo para identificá-lo para os guardas que foram prendê-lo. É isso: Jesus era um igual. Manjava da moda. Conhecia a agenda dos seus dias. Sabia sobre os eventos. Estava por dentro das notícias.

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