7 de ago. de 2009

O avivamento religioso no trabalho

A geração “Pós-Anos Dourados”, ou geração y, é a que nasce após as grandes transformações sociais, políticas, culturais e econômicas ocorridas nos anos sessenta. Os seus integrantes são exatamente os que estão no momento como adultos, ingressando ou já participando há algum tempo do mundo das organizações.

A não ser a Queda do Muro de Berlim, a desconstrução dos países da Cortina de Ferro e o episódio da Praça da Paz Celestial, em Pequim, todos simbolicamente ocorridos em 1989, não há quaisquer eventos de grande magnitude política que tenham marcado de forma pungente essa geração. Além desses, como fatos distintos, talvez só o ataque ao World Trade Center, em 11/9/01, com a escalada mundial do terrorismo religioso.

A simbolização dos referenciais prevalecentes da geração pós-Anos Dourados, ou geração y, é uma verdadeira incógnita impossível de decifrar, tamanha a dispersão de valores que apresenta.

Protagoniza o ensaio-erro e acerto acidental. É a geração do "ficar"! Experimenta simultaneamente de tudo, pronta e disponível a tornar as suas vidas no que cada um de seus membros desejam, aptos a descartar quaisquer preferências circunstanciais, relações pessoais, compromissos de trabalho ou condutas diante da vida, todos sempre assumidos na perspectiva do curto prazo e do descartável.

É a geração do aqui e agora e só por agora. É a permanência do impermanente. Eu não sou, eu estou, é o lema de cada um diante da vida. E cada um está na sua, numa inusitada e indescritível multidiversidade de visões de mundo, interesses, preocupações, atividades, preferências, valores, normas de conduta, padrões de comportamento, formas de agir, opções políticas, sociais, sexuais e de consumo.

Trata a incerteza e o correr de riscos como desafios inerentes ao cotidiano de trabalho. Quase ninguém pensa em emprego vitalício.

As organizações, no entanto, que divinizam o trabalho traem a aspiração desta geração por uma ampla liberdade pessoal nas relações de trabalho. Elas produzem novas estruturas de poder e controle sobre as pessoas.

A liturgia do cultismo do trabalho praticado pelas organizações, os dogmas e fundamentos adotados e assimilados por aqueles que delas participam, a segregação entre o “nós e eles” acabam por determinar a dominação de todos os membros que as integram através de laços ao mesmo tempo fortes, consistentes e homogêneos, como ordens de religiosos fanáticos que seguem a liderança de seus profetas salvadores nas igrejas fundamentalistas.

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