4 de dez. de 2009

É o fim da igreja?

Observador do seu tempo

Dirigente da Igreja Cristã Nova Vida, Walter McAlister fala do legado do pai e constata que a fé evangélica mudou muito

Por Carlos Fernandes

Durante muitos anos, a voz de sotaque inconfundível foi familiar aos crentes brasileiros: “Que Deus os abençoe rica e abundantamente”, dizia o fundador da Igreja Pentecostal de Nova Vida pelas ondas da Rádio Relógio Federal. O missionário canadense Robert McAlister, carinhosamente conhecido no Brasil como bispo Roberto, teve papel destacado na inserção do Evangelho entre as classes médias urbanas. A denominação que fundou ajudou a mudar o conceito da sociedade acerca dos evangélicos – e, passados dezesseis anos de sua morte, seu legado é incontestável. “Ele deixou um exemplo de seriedade e valorizou a vocação pastoral”, diz, com orgulho, seu filho e sucessor no ministério, Walter McAlister Jr.

Mas os tempos e a Igreja Evangélica são outros. E Walter, mais do que ocupar o púlpito que um dia foi de Roberto, hoje é um analista do segmento no qual nasceu, cresceu e construiu sua carreira ministerial. Aos 53 anos, o bispo está lançando O fim de uma era (Anno Domini), livro no qual fala como observador e participante ativo do movimento evangélico nacional, com todas as suas facetas, crises e paradoxos. Mas a experiência própria não é a única credencial que ostenta – Walter, nascido nos Estados Unidos e naturalizado brasileiro, tem uma sólida formação acadêmica e teológica, que inclui os cursos de graduação e mestrado em disciplinas como psicologia e estudos bíblicos na América do Norte. Ordenado ministro do Evangelho em 1980, ele hoje é o bispo primaz e presidente do Colégio dos Bispos da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida, entidade que agrega 140 congregações.

O quadro que emerge de seu livro não é animador. Walter prevê o fim da Igreja – não o corpo místico de Cristo, que segundo ele “nunca falirá”, mas o atual conceito de igreja no Brasil. “A Igreja Evangélica hoje não cresce, incha. A diferença é que um corpo, quando cresce, mostra saúde; já o inchaço é sintoma de alguma doença”, aponta. Como outros indícios desse mal, o bispo aponta a superficialidade, o mundanismo, a falta de ética e a corrupção. “Aliás, no que tange à corrupção do mundo secular, ela em pouco difere da que se alastra nos meios cristãos”, lamenta. Durante esta conversa com CRISTIANISMO HOJE, Walter McAlister admitiu que lhe dói o coração ver a situação da Igreja contemporânea: “Queria ser mais gentil. Mas há momentos em que se faz necessário e urgente dizer a verdade dura, mesmo que isso nos custe muito.”

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Fonte: Cristianismo Hoje

Um comentário:

Austri Junior disse...

Se é o fim da igreja não sei. Mas que seria bom se fosse, ah, isso seria!
Tenho batido nessa e em outras teclas no meu blog, e e por onde passo, pois a igreja está carecendo de restauração, renovação, re-significação, reestruturação e de "RE-VERGONHA NA CARA"!