10 de jul. de 2008

Ilha das Flores (?!)





Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. A impressão que dá ao assistir a esse vídeo é que um extraterrestre está tentando entender o funcionamento de nossa sociedade, do capitalismo. Um humor extremamente inteligente aliado ao um soco no estômago faz com que vejamos nossa sociedade - capitalista - com outros olhos.

A exposição didática das idéias, de forma encadeada, amarrada às informações, na medida em que elas aparecem na narração sólida e segura do ator Paulo José constituem o eixo em torno do qual acabam gravitando os espectadores. O ritmo alucinado utilizado para que fiquemos sabendo sobre os tomates do Sr. Suzuki, o perfume de dona Anete, o surgimento do dinheiro e as peculiaridades dos seres humanos (o polegar opositor e o tele-encéfalo altamente desenvolvido), nos dá pouco tempo para refletir sobre toda a informação e exige que acabemos assistindo ao vídeo duas ou até mesmo, três vezes.

Outra característica marcante do curta-metragem Ilha das Flores é a profusão de imagens. É como se tudo fosse uma verdadeira colagem feita pelo diretor e pelos editores do filme. As imagens se sucedem na medida da necessidade de explicação de um conceito apresentado no texto. Chega a ser um tanto quanto enlouquecedor e, nesse aspecto, reside um dos fatores que torna o filme imperdível. O mais importante, porém é que "Ilha das Flores" coloca em pauta a discussão acerca da pobreza, da fome e da exclusão social. Levando-se em conta que foi produzido em 1989, dá para perceber que as coisas não mudaram muito entre o Brasil daquela época e o de hoje...

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